O SENHOR DE NIHIL DE FÉRIAS MARCADAS
O senhor de Nihil, contratou uma equipa de pedreiros para arranjarem as muralhas do castelo, bastante danificadas desde o último cerco, por parte dos exércitos do susto armadilhado.
Deslocava-se na sua carrinha de caixa aberta, para carregar mais umas sacas de cimento, encomendar umas camionetas de tijolo e de telha, a fim de dar bom andamento às obras de manutenção.
Tratada essa tarefa com sucesso, fez uma videochamada para a sua companheira de férias na Galáxia ao lado, para combinarem uma data para ir ter com ela, passarem uns dias juntos e tirar também ele, uns dias de férias merecidas, tratar do cansaço. As constantes ralações, do dia a dia saturavam-no de sobremaneira.
Ela pesquisava na net um bom resort para o espairecimento.
Olha só ― disse-lhe ― aqui, e a apenas a um ano luz da tua e da minha galáxia.
O senhor de Nihil que praticava com um cigarro, o horrível e detestável hábito de fumar, chegou-se para a secretária, e viu realmente no ecran do portátil um fantástico, paradisíaco mesmo, local para o lazer, o ócio, e sem dúvida para a majestosa preguiça.
― Espantoso ― exclamou. Se estiveres de acordo marco agora a reserva para todos os meses do Verão.
― Sim ― respondeu a companheira com agrado.
O senhor de Nihil acedeu por hábito não controlado outro cigarro. Aspirou uma passa e chamou o criado.
― Tira daí dinheiro, desse que está debaixo do colchão e vai pagar ao pessoal das obras. Essas, ficam como estão. No nosso regresso continuaremos com elas. Arranja tudo o que for necessário para a viagem e estadia na galáxia indicada. Bebe uma pinga para tomares força e acautela uma provisão de garrafões para que não nos falte nada.
O funcionário anuiu baixando de leve a cabeça, perguntou ao amo:
― E os cartões de crédito, de débito, de inédito são para levar?
― Todos. E principalmente os últimos. Os mais importantes, a novidade assombrosa do nosso espaço sideral.
― Que cartões são esses? ― Perguntou o criado ― Não me dizeis nada!
― São cartões em que a linhagem, a boa fama, o estatuto alto, de preferência mesmo das alturas, ditas por aí, da mais altas. No acto de os passarem pelos terminais financeiros, galácticos, se convertem no mais fino e cobiçado numerário.
― Boa. “Ò” de Nihil, ― o criado não conseguiu conter esta invasão de proximidade, ao tratar o amo por tu ― compras já as passagens, para a próxima nave?
― Sim caro amigo e caro criado.
E depois virando-se novamente para webcâmera do portátil, acrescentou, mirando a face bonita da companheira:
― Maria, vamo-nos divertir, para as pradarias do grande “Manitou”, põe-te a jeito.
No registo oficial dos anais do complexo galáctico, ― em bom― consta em letras garrafais, que se bem o pensaram melhor o fizeram.
Santos Casais da Ferreira